Luiz Claudio Romanelli*
“Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”. (Ulysses Guimarães)
O professor de Relações Internacionais da FGV Matias Spektor tornou público um documento estarrecedor, na última quinta-feira, que se for verdadeiro, muda a biografia do mais respeitado presidente do regime militar, responsável pela abertura política “lenta e gradual”. Trata-se de um memorando secreto, dos arquivos da CIA, a agência de inteligência do governo dos Estados Unidos, que revela autorização do ex-presidente Ernesto Geisel ( 1974-1979) para matar opositores ao regime militar no Brasil.
O relatório, enviado em 11 de abril de 1974 por William Colby, diretor da CIA entre 1973 e 1976, para o então secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, descreve um encontro de Geisel, o então chefe do SNI João Figueiredo e generais Milton Tavares e Danton Avelino, quando o primeiro passava ao segundo a chefia do Centro de Inteligência do Exército (CIE).
Segundo o documento, Geisel autorizou que o CIE desse continuidade à “política de execuções sumárias” adotadas durante o governo de Emílio Médici, centralizando a coordenação das ações no Palácio do Planalto, via Serviço Nacional de Informações (SNI). No encontro, o general Milton admite a execução de 104 pessoas pelo CIE durante o ano anterior.